Em um momento em que a crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19 se agrava ainda mais, o atual governo federal, novamente, realiza ataques às Universidades Públicas brasileiras. Enquanto vários países demonstram que o investimento na ciência e na pesquisa é um caminho incontornável para a superação da atual crise, assim como para avanços econômicos e sociais, o governo federal continua a tomar universidades e cientistas como inimigos. O governo que cortou e contingenciou verbas e interveio na escolha de dirigentes de instituições de ensino superior, agora investe diretamente contra um dos fundamentos da Universidade: a liberdade de pensamento e expressão.
Os professores Pedro Curi Hallal e Eraldo dos Santos Pinheiros, ambos docentes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foram levados a assinar um termo de ajuste de conduta – exarado nos autos do Processo 00190.100589/2021-98 – por manifestarem críticas a Jair Bolsonaro. Os docentes são acusados de “manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República”. Um presidente que escolhe interventores para assumirem a direção de instituições públicas de ensino superior; um presidente que asfixia o orçamento das universidades; um presidente que ignora a ciência e realiza deliberadamente uma política de morte para dezenas de milhares de brasileiros(as) durante a pandemia em curso. Um presidente ao qual qualquer traço de democracia, liberdade e diversidade lhe parece insuportável.
A Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP) expressa sua solidariedade aos professores Pedro Curi Hallal e Eraldo dos Santos Pinheiros. ABPP soma-se a uma multiplicidade entidades e pessoas em defesa da autonomia universitária, liberdade de expressão e pensamento, fortalecimento da ciência e democracia. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro continuar a conduzir o país por um caminho de servidão e morte, também a ABPP reforçará as vozes contrárias a seu governo. Como é próprio da Psicologia Política Latino-Americana, seguimos na defesa de um Brasil fundado na equidade, diversidade, participação democrática e em políticas que tenham a vida como prioridade.
Enquanto estiver em vigor um governo autoritário, anticientífico e antivida, criticá-lo não será um crime, mas um dever daqueles e daquelas que têm por ofício a educação e a produção de conhecimento.